quarta-feira, 25 de junho de 2014

Perturbação de Asperger

     As características essenciais da Perturbação de Asperger são um défice grave e persistente da interação social, o desenvolvimento de padrões de comportamento, interesses e atividades restritos e repetitivos. A perturbação pode produzir um défice clinicamente significativo da atividade social, laboral ou de outras áreas importantes do funcionamento do sujeito. Em contraste com a Perturbação Autistica, não há um atraso geral da linguagem clinicamente significativo, se bem que outros aspetos mais subtis da comunicação social (por exemplo, dar-e-receber típicos da conversação) possam estar afetados.
     O défice na interação social é grave e sustentado. Pode haver um défice acentuado de múltiplos comportamentos não verbais (por exemplo, contacto ocular, expressão facial, postura corporal e gestos) que regula a interação social e a comunicação. Pode haver incapacidade para desenvolver relações com os companheiros apropriadas ao nível de desenvolvimento que podem assumir diversas formas em idades diferentes. As crianças mais jovens podem ter pouco ou nenhum interesse em estabelecer amizades. Os indivíduos mais velhos podem ter interesse pela amizade, mas não compreenderem as convenções da interação social. Pode haver falta de procura espontânea da partilha dos prazeres, interesses ou objetivos com outras pessoas.
     Embora o défice social na Perturbação de Asperger seja grave e se defina da mesma forma que na Perturbação Autística, a ausência de reciprocidade social manifesta-se de forma típica mais por uma abordagem excêntrica e unilateral aos outros (por exemplo, mantendo um tema de conversação independentemente das reações dos outros) do que pela indiferença social ou emocional.
     Tal como na Perturbação Autística, estão presentes padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades. Muitas vezes, estes começam por se manifestar pelo desenvolvimento de uma preocupação absorvente por um tema ou interesse circunscrito, sobre o qual o indivíduo pode reunir uma quantidade enorme de factos ou informações. Estes interesses e atividades são prosseguidos com grande intensidade, muitas vezes com exclusão de quaisquer outras atividades.
     A perturbação deve causar um défice significativo da adaptação social, que por sua vez pode ter um impacte importante na auto-suficiência, nas atividades ocupacionais ou noutras áreas importantes do funcionamento.
     Em contraste com a Perturbação Autística, não existem atrasos clinicamente significativos na linguagem precoce. A linguagem subsequente pode ser invulgar em termos de preocupação do indivíduo com certos temas. Podem resultar dificuldades da comunicação devido à disfunção social e à incapacidade para apreciar e utilizar as regras convencionais da conversação, para captar as pistas não verbais e às limitadas capacidades de autocontrolo. 
     Os indivíduos com Perturbação de Asperguer não têm atrasos clinicamente significativos no desenvolvimento cognitivo ou nas aptidões de auto-ajuda adequadas à idade, no comportamento adaptativo e curiosidade sobre o ambiente.


Almeida, J.N. (2002) DSM -IV- TR. Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Lisboa: Climepsi Editores

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